Introdução
A questão da etiqueta durante o período da Idade Moderna foi, indubitavelmente, um aspecto de diferenciação entre classes. Mais do que meros costumes, a etiqueta fornecia um caráter distintivo àqueles que conheciam e faziam parte de seus rituais elaborados. Fato é que nobres queriam diferenciar-se da burguesia, colocarem-se em um patamar mais elevado e a etiqueta constituía um ionstrumento para que esta diferenciação acontecesse.
A etiqueta na Idade Moderna
No período compreendido entre os séculos 15 e 18, a etiqueta passou a cumprir um papel distintivo na sociedade da época. A ostenteação e o luxo firmaram-se como grandes diferenciadores dos indivíduos, demonstrando seu papel dentro do contexto social. Desta maneira, não bastava ser nobre, era indispensável parecer um; além de haver a premente necessidade de demonstrar sua sorte e bom nascimento, algo a altura de sua condição.
Na realidade, os primeiros manuais de etiqueta surgem no século 13, mas ganham inúmeras edições e popularidade apenas na Idade Moderna.
O maior exemplo de uma sociedade que se guiava por estas regras de etiqueta e conduta é a corte de Luís XIV. As normas não apenas se restringiam ao comportamento, estavam além disso: evidenciavam o monarca, tornando clara a sua superioridade perante seus súditos. Possuíam, nas palavras do próprio rei, um sentido político, levando claramente ao conhecimento de seu povo, o seu próprio poder.
E, a exemplo de Luís XIV, outros nobres se beneficiaram do sentido político imposto pelo primeiro soberano. Um modelo desta afirmação foi a famosa rainha Maria Antonieta, esposa de Luís XVI, como é elucidado no Guia do Estudante da editora Abril:
Por trás desse mundo de diversão e festas, Maria Antonieta tinha que suportar muitas pressões. Os nobres que haviam sido excluídos do convívio com a rainha não paravam de caluniá-la. Segundo Caroline Weber, o jeito de Maria Antonieta reagir era manipular sua aparência. “Ela usava a moda como um instrumento político, como forma de aumentar ou sustentar sua autoridade em momentos em que ela parecia estar sob risco, como nos sete anos que se passaram antes que ela tivesse um filho”, diz. Por meio de novas roupas, sapatos e penteados, a rainha se impôs, colocando-se acima de qualquer mulher francesa.
Desta forma, a etiqueta passou a ser um elemento imprescindível aos pertencentes às classes dominantes. Qualquer pequeno deslize em ambiente real poderia ocasionar a perda de influência deste infrator ou arranhar sua imagem de forma bastante relevante. A forma refinada de se portar era distintiva quanto à capacidade de estabelecer um reflexo de refinamento, requinte e elegância.
As regras eram inúmeras e seu conhecimento era exclusividade daqueles que possuíam acesso a estas. Iam desde a forma de comportar-se à mesa, o momento ideal de assoar o nariz ou soltar gases ou de curvar-se graciosamente diante de alguém superior hierarquicamente. É certo, entretanto, que estes costumes tenham se modificado com o tempo ou mesmo alguns tenham desaparecido para dar lugar a outros. Mas, fato é que, com o passar do tempo as regras tornavam-se mais rígidas e elaboradas, ganhando novas nuances, a fim de que mais dificilmente pudessem ser copiados.
Alguns exemplos de conduta à mesa, citados por Norbert Elias, em sua obra “O Processo Civilizador. Uma História dos Costumes.":
“Se todos estão se servindo do mesmo prato, evite pôr nele a mão antes que o tenham feito as pessoas da mais alta categoria, e trate de tirar o alimento apenas da parte do prato que está à sua frente. Ainda menos deve pegar as melhores porções, mesmo que aconteça você ser o último a se servir. |
Coutin, Antoine de. Novo tratado de civilidade, in Elias, Norbert. “O Processo Civilizador. Uma História dos Costumes." Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1990, p.102 |
Todavia, pela conduta somente, era bastante difícil distinguir a que classe pertencia um indivíduo. Isto porque, a burguesia ascendente, detentora de riquezas e desejoda de ascenção social, tinha por meta reproduzir os padrões da nobreza. Esta imitação compreendia inclusive o vestuário e os modos.
A reação da nobreza para com a atitude burguesa, que ainda situava-se em defesa de sua distinção, foi a de criar padrões de moda sazonais. Surgem, desta maneira, a moda efêmera que deveria se renovar de pouco em pouco tempo, dando origem às famosas coleções de primavera-verão e de outono-inverno, bastante comuns até os dias de hoje.
Referências
Processo Civilizador. Disponível em: <http://www.leonarde.pro.br/processocivilizador.pdf>. Acesso em: 29.Ago.2011.
Maria Antonieta: A última rainha. Disponível em:
<http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/historia/maria-antonieta-ultima-rainha-435058.shtml>. Acesso em: 29.Ago.2011.
Imagens
1. Luís XIV. Disponível em:
<http://3.bp.blogspot.com/_TfUANIdQLu0/TTbcOu_nlYI/AAAAAAAAACQ/_IqPXymPPGM/s1600/45_1848-luis+XIV-blog.jpg>. Acesso em: 29.Ago.2011.
2. Traje feminino da Idade Moderna. Disponível em:
<http://3.bp.blogspot.com/_v33bHWbVIWg/TGxbcEzyrfI/AAAAAAAAAUk/xMJsNZfVkhQ/s1600/04.jpg>. Acesso em: 29.Ago.2011.
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